quinta-feira, 30 de abril de 2009
Conferência sobre o Plano de Ação Brasil-EUA
Enquanto dezenas de jornalistas e profissionais de imprensa se aglomeravam em frente à Casa Branca, sob frio e fina chuva que caía, em busca de um anúncio oficial, bem perto dali, no Departamento de Estado Americano, os jovens baianos e cariocas participavam, como prestigiados convidados, da Conferência sobre o Plano de Ação para a Promoção da Igualdade Étnica e Racial. 0 Plano foi assinado entre os governos brasileiro e americano, em 2008, e esta foi a segunda reunião de gestores, ocorrida nos dias 29 e 30 de abril. São diversas ações adotadas nos dois países que mobilizarão recursos em torno de U$5 milhões de dólares.
O encontro reuniu militantes, pesquisadores e autoridades do Brasil e dos Estados Unidos, como o ministro da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Edson Santos, e o secretário de Estado adjunto para a América Latina (EUA), Thomas Shannon. Entre os temas debatidos: ações afirmativas na educação, intercâmbios culturais, manutenção de centros de memórias da presença negra na Diáspora (como o Museu Afro Brasil de São Paulo), a contribuição dos meios de comunicação no combate às desigualdades e os direitos civis conquistados por afrodescendentes no Brasil e nos Estados Unidos.
Intervenções - As jovens empresárias baianas marcaram presença com intervenções e questionamentos pertinentes. A primeira a falar foi Samadá Kinté, proprietária da marca Flor da Pele, que reúne manicures que prestam serviços de pinturas, decoração e alongamento de unhas e atendem em domicílios. A jovem empresária ressaltou a importância do conhecimento da história negra para a elevação da auto-estima e afirmação dos jovens. Ela aproveitou a presença de Howard Dodson, diretor do Museu Schomburg, localizado no Harlem, Nova Iorque, para elogiar o rico acervo mantido pelo museu, que foi visitado pelos jovens no início do intercâmbio.
Na terceira mesa, que teve como tema as leis de combate às desigualdades, foi a vez de Elísia de Jesus Santos chamar a atenção para a resistência apresentada pelo povo negro para sobreviver ao racismo. Essa força foi comparada, pela empreendedora, à garra do alpinista frente ao Monte Everest (maior montanha do mundo). Elísia é socióloga e cabeleireira e, junto com duas sócias, gerencia o Rosas Negras, serviço especializado em cabelos crespos.
Educação - Ativista do movimento social e artesã de produtos feitos com materiais recicláveis, a jovem Cleide Crisarte focou na educação como ferramenta de transformação social. A jovem destacou a experiência de visitar duas escolas públicas americanas, graças ao intercâmbio, onde viu de perto o ensino do empreendedorismo e da responsabilidade social na sala de aula, para jovens a partir dos níveis iniciais. Para Cleide, que une responsabilidade social e ambiental em seu negócio, essa experiência deveria ser adotada nas escolas públicas brasileiras, para a formação de jovens com espírito empreendedor.
O Grupo recebeu importantes incentivos dos presentes, inclusive de políticos negros norte-americanos, como o embaixador Larry Palmar, da Comissão Interamericana para o Desenvolvimento e o deputado do Congresso Americano, Gregory Mieks, que fez três pedidos aos jovens: “não desistir”, “acreditar em seu próprio potencial” e “não esquecer de onde vieram”. Após as palestras, houve troca de experiências e contatos com empreendedores sociais e executivos de grandes empresas como as multinacionais: Nike e Mac Donald´s.
Califórnia - Nesta quinta-feira, 30, os jovens chegaram à cidade de São Francisco, na Califórnia, última cidade a ser visitada pelo intercâmbio. Na programação, visita ao Museu da Diáspora Africana, ao Centro de Direitos Humanos Ella Baker, além de reuniões e capacitações. Os empreendedores voltam à Salvador no dia 06 de maio.
André Santana
quarta-feira, 29 de abril de 2009
Religião com ação social e política
No culto, a valorização da presença de crianças e jovens na religião. No sermão do pastor, a importância do reconhecimento da identidade negra e da organização da comunidade para o fortalecimento de ações sociais da igreja, como o custeio dos estudos dos membros. Além de orações, foi pedido um apoio financeiro para uma universidade de um reitor negro que recebe estudantes pobres. A lista de apoiadores não acabava. Todos consciente da sua contribuição para a transformação social de outros negros e negras. Teve quem doasse dois mil dólares e quem fizesse discurso sobre o impacto da vida acadêmica na própria família.
Esse é foi o motivo da inclusão desta cerimônia na programação que a Levantamos organizou para os jovens empreendedores baianos. A religião como papel social e político sempre foi uma marca do protestantismo afro-americano. Grandes lideranças pelos direitos civis nos Estados Unidos tiveram como base o discurso religioso, como o Reverendo Martin Luther King e o divulgador do islamismo negro, Malcolm X.
Na tarde do domingo, os jovens ainda teriam mais mergulhos na história de lutas e conquistas dos negros norte-americanos, através da visita aos memoriais de dois ícones da história dos Estados Unidos: a primeira cantora lírica negra, Marian Anderson e o ator, escritor, político e ativista Paul Robeson. Mas esses merecem outro post.
domingo, 26 de abril de 2009
Crianças da Igreja Metodistas Africana
Empreendedorismo na escola e na comunidade
Filadélfia
A cidade tem uma população de quase 50% de afro-americanos, o que é muito perceptível ao caminhar pelas ruas. E a alegria de saber que eles estão conquistando espaço e poder econômico, notável ao ligar a tevê e ver apresentadores e artistas ou através de mulheres negras dirigindo carros que chamam atenção.
A Filadélia foi a primeira capital dos Estados Unidos da América, onde viveram os primeiros presidentes do país George Washington e John Adams. Tem uma importancia fundamental para a história de independencia do país e para a identidade nacional.
Como os estados do norte do país foram os primeiros a abolirem a escravidão, a Filadélfia era o portão de acesso à liberdade aos negros escravizados que fugiam das torturas dos estados do sul.
Aqui os jovens estão participando de inúmeros encontros de negócios, já que este tema é pautado desde a escola até às igrejas. Acompanhe:
quarta-feira, 22 de abril de 2009
Visita a Wall Street e a revista The Source
The Source, pioneiro no mercado editorial voltado para a cultura negra
Em visita de intercâmbio de negócios aos Estados Unidos, os nove jovens empreendedores baianos conheceram a Wall Street, o centro financeiros dos Estados Unidos, local onde geridas as principais movimentações do capitalismo mundial. Ali estão localizadas a Bolsa de Valores de Nova Iorque e a sede de diversas organizações financeiras. O símbolo de Wall Street é o touro, em referência a atitude do animal de jogar suas presas para cima, para o alto. Ao contrário do urso que puxa a presa para baixo. Naqueles prédios grandiosos são tomadas decisões que interferem diretamente na economia mundial. Os jovens visitaram o Museu das Finanças Americana e puderam conhecer o complexo sistema financeiro americano, desde a criação da Bolsa de Nova Iorque, no final do século XVIII até a crise econômica atual.
The Source - Bem em frente ao monumento ao touro de Wall Street está localizada a sede da revista The Source, criada há 20 anos, foi a primeira publicação especializada na divulgação do movimento hip hop. Atualmente a publicação mensal tem tiragem de 350 mil exemplares e ampliou os temas abordados. Além dos artistas e ações do movimento Hip Hop, a revista aborda a cultura afro-americana em diversos aspectos. Há editorias de moda, esporte, comportamento e política.
Os jovens empreendedores baianos foram recebidos pelo (tambem jovem) diretor executivo da organização, Leroy Peeples, conhecido como Bum. O empresário contou aos jovens a história de pioneirismo da The Source que inspirou a criação de outros veículos semelhantes (atualmente são dez revistas especializadas em Hip Hop nos Estados Unidos) e a galeria de astros lançados pela revista, entre eles o rapper Tupac e a cantora Lauren Hill. Além disso, Bum relatou a sua própria história de resistência, iniciada nos guetos negros da Carolina do Sul, tornando-se responsável por uma organização com faturamento em torno de U$ 2 milhões que já gerou oportunidades para centenas de jovens negros.
Crise - A crise no mercado editorial impresso tem afetado a The Source. A revista já teve em seus quadros 164 profissionais direitos. Hoje trabalha com apenas nove pessoas, entre redação e setor comercial. Para driblar a crise, a revista investe também na internet. No site www.thesource.com o interessado encontra complemento das notícias do impresso, além de fotos e vídeos dos artistas.
“O conteúdo é a chave do sucesso. Os temas abordados na revista não interessam apenas aos admiradores do movimento hip hop. Chegamos às mãos de 15 milhões de leitores, em sua maioria jovens”, explica o executivo. Leroy Peeples mostrou interesse em conhecer mais sobre a cultura brasileira, em especial, a ação do movimento Hip Hop no país, que foi relatado pelos jovens empresários baianos. Ele abriu espaço para que o grupo da Bahia enviem matérias para serem publicadas em uma coluna especial sobre o Brasil. É o início de uma importante articulação entre empreendedores afro-americanos e brasileiros.